Ficha Técnica:
Autor: Ursula K. Le Guin
Título Original: The Lathe of Heaven
Páginas: 180
Editor: Presença
ISBN: 9722331566
Tradutor: Carlos Grifo Babo
Sinopse:
E se, quando acordamos, descobrissemos que os nosso sonhos se tinham tornado reais? George Orr é um homem insignificante, em que ninguém repararia, ao passar. Mas quando Orr descobre que os seus sonhos podem mudar a realidade, começa a ter medo de sonhar, Ao tentar suprimir os sonhos, é enviado, por abuso indevido de medicação, a um psiquiatra que se dedica a investigar os diferentes estados de sono produzidos pela mente. O Dr. Haber, um homem autoconfiante e autocomplacente, que se acha capaz de conhecer e manipular a mente dos seus pacientes, depressa se apercebe de que Orr possui de facto a capacidade de alterar a realidade. Submete-o então a sucessivas experiências com máquinas cada vez mais sofisticadas para conseguir, através dele, alterar o que está mal no mundo, e chegar à criação de um verdadeiro "admirável mundo novo". Orr, porém, acha que toda esta cega manipulação é na verdade aberrante.
A partir deste enredo, Urusla K. Le Guin escreve uma obra-prima de complexidade e subtileza, datada de 1971 mas ainda hoje surpreendentemente actual na sua percepção do mundo relativamente a temas como ambiente, geopolítica, racismo, avanços da medicina e relação de todas estas coisas como o poder.
Opinião:
A par com Neil Gaiman, Ursula K. Le Guin tem-se tornado uma das minhas autoras preferidas. A imaginação da autora é simplesmente soberba, e a maneira como escreve e nos conta as suas histórias deixará qualquer leitor cativado. O Tormento dos Céus não é excepção.
Para mim é sempre difícil falar de um livro desta autora. Existe sempre tanto por dizer, mas quando chega a altura de falar é quase impossível traduzir tudo por palavras. Neste livro Le Guin faz-nos pensar acerca de questões como o racismo, o poder, a despreocupação com o meio-ambiente, mas acima de tudo faz-nos questionar se temos o direito de nos armar em Deus caso essa oportunidade nos seja dada. Se por um lado temos a noção que caso tenhamos a possibilidade devemos contribuir para um mundo melhor, até que ponto devemos interferir à escala global? Será que é correcto mudar-mos o mundo de uma forma completa, mesmo que alguns benefícios sejam encontrados? Ou será que ao fim e ao cabo acabamos por apenas alterar os problemas que havemos de enfrentar? Há certos aspectos da condição humana que não são passíveis de ser alterados, a nossa consciência e o nosso subconsciente fazem parte de quem somos, e a maneira como vivemos e crescemos condiciona-nos e condiciona o nosso pensamento. Assim sendo, tudo aquilo que fazemos para mudar o futuro para melhor adequa-se à nossa perspectiva do que é certo e errado, o que está bem ou mal. Isso é visível no facto de que as sugestões feitas por Haber raramente são levadas à letra, e muitas vezes as realidades não são completamente alteradas, mas sim modificadas de acordo com a maneira de pensar do sonhador.
Todo este dilema interior está bastante bem conseguido com a personagem de Orr, alguém que é completamente neutro, mas que na sua neutralidade encontra a sua força, pois percebe que apesar de ter o poder para mudar o mundo deverá deixá-lo seguir o seu próprio caminho sem o forçar a alterações bruscas e inesperadas.
Não há muito mais que possa dizer acerca deste livro, ele é bastante pequenino, e é difícil colocar os conceitos por palavras. Por isso vão lê-lo, não se vão arrepender.
Para mim é sempre difícil falar de um livro desta autora. Existe sempre tanto por dizer, mas quando chega a altura de falar é quase impossível traduzir tudo por palavras. Neste livro Le Guin faz-nos pensar acerca de questões como o racismo, o poder, a despreocupação com o meio-ambiente, mas acima de tudo faz-nos questionar se temos o direito de nos armar em Deus caso essa oportunidade nos seja dada. Se por um lado temos a noção que caso tenhamos a possibilidade devemos contribuir para um mundo melhor, até que ponto devemos interferir à escala global? Será que é correcto mudar-mos o mundo de uma forma completa, mesmo que alguns benefícios sejam encontrados? Ou será que ao fim e ao cabo acabamos por apenas alterar os problemas que havemos de enfrentar? Há certos aspectos da condição humana que não são passíveis de ser alterados, a nossa consciência e o nosso subconsciente fazem parte de quem somos, e a maneira como vivemos e crescemos condiciona-nos e condiciona o nosso pensamento. Assim sendo, tudo aquilo que fazemos para mudar o futuro para melhor adequa-se à nossa perspectiva do que é certo e errado, o que está bem ou mal. Isso é visível no facto de que as sugestões feitas por Haber raramente são levadas à letra, e muitas vezes as realidades não são completamente alteradas, mas sim modificadas de acordo com a maneira de pensar do sonhador.
Todo este dilema interior está bastante bem conseguido com a personagem de Orr, alguém que é completamente neutro, mas que na sua neutralidade encontra a sua força, pois percebe que apesar de ter o poder para mudar o mundo deverá deixá-lo seguir o seu próprio caminho sem o forçar a alterações bruscas e inesperadas.
Não há muito mais que possa dizer acerca deste livro, ele é bastante pequenino, e é difícil colocar os conceitos por palavras. Por isso vão lê-lo, não se vão arrepender.
Viva,
ResponderEliminarBem este ano tenho que me dedicar a procurar mais livros desta escritora na feira do livro, sem ser da saga Terramar, está visto, tenho lá alguns, tenho que ver :D
Bjs