sábado, 25 de julho de 2015

Opinião - O Jantar

Ficha Técnica:
Autor: Herman Koch
Título Original: Het diner
Páginas: 304
Editor: Alfaguara
ISBN: 9789898775511
Tradutor: Maria Leonor Raven Gomes

Sinopse:
Até onde iria para proteger a sua família?
Noite de Verão em Amsterdão: dois casais encontram-se para jantar num restaurante. A trivialidade da conversa, sobre férias e trabalho, entre garfadas satisfeitas e sorrisos educados, deixa adivinhar um jantar aparentemente normal. Aparentemente. É quando chega o prato principal que descobrimos que os casais não se juntaram para jantar pelo prazer da refeição e da companhia, mas para discutir um acto de violência ignóbil perpetrado pelos filhos de ambos. Entre status e família, vamos descobrindo até onde as pessoas estão dispostas a ir para defender o que é seu e impedir o seu pequeno mundo de cair por terra. A natureza do mal exposta à mesa de jantar e a subtileza (i)moral da narrativa faz desta uma história incómoda, provocadora e controversa, que arrasou as tabelas de livros mais vendidos. Uma narrativa surpreendente, tensa e brilhante que não deixará ninguém indiferente.

Opinião:
O Jantar, tal como o título indica, passa-se durante esta refeição, ao longo da qual nos vão sendo apresentadas as acções e pensamentos do protagonista.

Vamos lidar mais diretamente com quatro personagem: o próprio protagonista, a sua esposa, o seu irmão e a sua cunhada. Entre sorrisos, simpatias e conversa de circunstância, vão-nos sendo reveladas aos poucos as verdadeiras intenções das personagens e também a sua verdadeira maneira de ser. Inicialmente, é fácil não gostarmos das personagens que o nosso protagonista despreza (o irmão e a cunhada). Afinal, ele faz as apresentações de modo a que fiquemos a pensar que os outros são mesquinhos, tacanhos, com a mania da grandeza. A descrição dos acontecimentos presentes e futuros leva-nos também a considerar que realmente o protagonista tem razão. Contudo, chega um momento em que tudo muda.

É impossível explicar aquilo que comecei a sentir, porque é algo tão visceral que simplesmente não tem explicação. A partir de determinada altura, é-nos mostrado que aquilo que nos é apresentado, não é bem a realidade e que temos estado a ser enganados ao longo de toda a narrativa. Quando, finalmente, comecei a perceber as personalidades de cada uma das personagens, comecei a sentir-me doente e enojada, pela capacidade para a maldade que determinadas personagens demonstram. Fiquei a sentir-me enojada só de presenciar determinadas situações e de estar em contacto com uma mente tão doentia e perversa.

Não posso explicar melhor, senão estaria, possivelmente, a entrar em spoilers e não quero isso, porque o fantástico deste livro é ir descobrindo aos poucos o que não está certo. Assim sendo, este é um livro que considero bastante bom, não por ter a capacidade de nos fazer preocupar com as personagens, de sentir empatia com as mesmas, mas exatamente pelos sentimentos contrários que desperta em nós.

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