E com o terceiro dia chegámos ao fim. Não foi por ser o último que foi melhor ou pior que os anteriores. Foi um dia único como todos os outros em que podemos uma vez mais desfrutar de uma companhia magnífica ouvindo falar a quem de direito.
Desta vez começámos o dia a ouvir autores portugueses a falar das suas experiências de publicações no estrangeiro. O João Rogaciano e a Inês Montenegro foram maioritariamente, ou estão para ser, publicados em livros e antologias Brasileiras. Segundo os mesmos ao início houve algum receio em arriscar, mas acabaram a pensar: Porque não? E assim se arriscaram, colhendo daí bons frutos. Fiquei também a saber pela Inês Montenegro que está para ser editada no Brasil uma antologia cujas submissões são apenas para autores portugueses. Podem ver mais informação
aqui. Fiquei a saber mais algumas informações acerca do percurso do João Ventura e que a Nature publica, nas featurette, histórias de Ficção Científica! E quando digo histórias é mesmo histórias! Fiquei curiosa, mas não tenho a assinatura da revista. Este conhecimento foi adquirido graças ao João Ramalho-Santos, uma cientista e escritor, com imensas histórias engraçadas para contar.
Passamos então para as sugestões literárias, de jogos, filmes e qualquer outra coisa que mereça ser sugerida. O João Barreiros trouxe a biblioteca às costas, no entanto antes de nos dar a conhecer as suas sugestões foi feita uma pequena "homenagem" aos muitos autores de ficção científica que faleceram este ano. Alguns deles eu conhecia, como Jack Vance, Ian M Banks e Richard Matheson, outros fica a indicação para vir a conhecer (Frederick Pohl, Patricia Anthony, Doris Lessing e Ray Harryhausen). Passando então para as sugestões, vou-me focar apenas nos livros, pois é essencialmente aquilo que me interessa, mas posso dizer que se falou em filmes que no geral tiveram bastante destaque (Oblivion, Pacific Rim) e também em jogos (Portal). Quanto a livros o que mais me deixou curiosa foi o livro S, que trata do Ship of Theseus (um paradoxo), e que é uma parceria entre J. J.Abrams e Doug Dorst. É um livro cheio de mimos, segundo o João Barreiros a história é boa e os complementos que vêem com o livro dão-lhe credibilidade. Night Film, foi outro livro recomendado pelo João Barreiros, bem como NOS4A2 do Joe Hill, The Time Traveller's Almanac e Point Zero, do autor Antoine Tracqui. Na BD falou-se, por exemplo, de Dylan Dog.
Passando agora definitivamente para o cinema, foram convidados três nomes portugueses para nos falar das suas experiências no mundo do cinema. O David Rebordão já conhecia do ano passado e da sua curta A Curva. Os outros dois convidados, sinceramente, nunca tinha ouvido falar. Não vi a apresentação desde o início, mas quando a comecei a ouvir posso dizer que os ânimos estavam elevados. O David Rebordão é, de certa forma, um céptico, enquanto que quem está por trás de Sangue Frio são mais jovens, emotivos e ainda parecem ter uma visão embelezada do que se passa na indústria. Irritou-me solenemente o facto de o o Vasco Rosa estar quase a engolir o microfone e mesmo assim estar a gritar. Já nem me conseguia ouvir pensar e apetecia-me levantar-me e pedir-lhe para tentar moderar-se, afinal ali ninguém é surdo e a sala tem boa acústica. Um dos temas debatidos é o facto de que os portugueses têm imensa dificuldade em apostar no que é português. Falo por experiência própria quando digo que no meu caso se deve simplesmente ao facto de ver por aí tanta coisa medíocre que nunca se sabe bem se se deve apostar em algo novo ou não. Eu sei que tenho tido sorte, das poucas coisas que li até tenho gostado, mas também já me deparei com maus autores, más séries, maus filmes, e por isso percebo a dificuldade que algumas pessoas têm em arriscar no que é nacional. Gostei da curta Jogo Maldito do David Rebordão, principalmente do twist final!
Passando para a BD, foi um prazer conhecer um pouco o que por aí se faz. BD não é, deifinitivamente, a minha praia. No entanto fiquei curiosa com o trabalho de Ricardo Venâncio e a sua BD sobre Hanuran, o Dourado. É um projecto que me cativou e que me deixou com vontade de começar a ler BD. Claro que também não pude deixar de ficar curiosa com o Dog Mendonça e Pizzaboy. Já tinha ouvido muita gente falar desta BD, tenho inclusive uma amiga que gostou bastante (e a quem já cravei para me emprestar os três volumes). Gostei bastante dos temas debatidos e apresentados. Gostei da maneira como todos os convidados se expressaram e daquilo que tentaram transmitir, baseando-se na sua experiência. Uma vez mais surgiu a questão de o português ser um povo algo mesquinho, e no caso do Dog Mendonça houve ainda a referência ao facto de terem sido levantadas questões do porque é que foram buscar um colorista (foi a expressão utilizada) que não era português? Os convidados debateram esta questão bastante bem, tal como todas as outras. Foi um prazer imenso ouvi-los falar, até porque me pareceram ser pessoas extremamente inteligentes, mas ao mesmo tempo bastante acessíveis, simpáticas e brincalhonas.
Para finalizar tivemos direito a mais uma curta, Esperânsia de Cláudio Jordão. Uma curta bonita e sentimental, mas que achei que comparada com a vista ontem ficou-lhe um pouco atrás.
Resumindo, quem conseguir deitar a mão às gravações vai ter mesmo que as ver, pois o dia de hoje foi excelente! Adorei não só as palestras, mas também o convívio com as pessoas que estiveram presentes e o ambiente que se gera durante todo o decorrer do Fórum. Uma vez mais não vim sozinha para casa e desta vez fiz-me acompanhar d'O Prestígio e do Flashforward.