terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Opinião - A Rapariga dos Pés de Vidro

Ficha Técnica:
Autor: Ali Shaw
Título Original: The Girl with Glass Feet
Páginas: 312
Editor: Guerra&Paz
ISBN: 9789898174949
Tradutor: Ana Figueiredo

Sinopse:
Ida Maclaird sofre de um mal misterioso e assustador – lentamente o seu corpo começa a transformar-se em vidro. Regressa então à Terra de Santo Hauda, onde acredita que tudo teve início, com a vaga esperança de encontrar o único homem que poderá ser capaz de curá-la. Midas Crook é um jovem solitário, que viveu toda a vida naquelas ilhas. Quando conhece Ida, sente que há qualquer coisa naquele espírito triste e desafiador que perpassa as suas defesas emocionais. Poderá o amor de Midas impedir que Ida se transforme em vidro?

Opinião:
A melhor definição que consigo arranjar para este livro é estranho. E porquê estranho? Porque tudo nele o é! Desde a história, aos personagens, à maneira como esta é contada, tudo transmite ao leitor uma sensação de estranheza e de inevitabilidade, uma sensação de catástrofe prestes a acontecer.

Midas é um dos primeiros personagens que conhecemos, é uma pessoa bastante tímida e introvertida, que carrega um grande peso aos ombros, o próprio pai. Ou seja, para onde quer que este personagem se vire ele sente que o pai, morto à algum tempo, o acompanha. O imobiliza e lhe guia os passos. Ou seja, apesar de não presente fisicamente o pai de Midas continua a influenciá-lo e a ter grande peso nas suas decisões, pois Midas continua a viver com um certo medo e ódio ao pai. Já Ida é uma rapariga "normal" tirando o seu pequeno problema de se estar a transformar em vidro, começando pelos pés. Ida é alguém que procura uma forma de contacto no que podem ser os seus últimos momentos, e encontra esse contacto através de Midas.

Já outros personagens como Carl e Henry são personagens que vamos conhecendo e que tiveram passados amorosos que os marcaram profundamente e que ainda hoje os influenciam de uma forma negativa. Impedindo-os de viver plenamente. Este passado vai também influencias as suas relações com os personagens actuais visto que Henry gostava da mãe de Midas e Carl da mãe de Ida. Outra personagem que adorei foi a Denver, a filha do melhor amigo de Midas, que apenas com 7 anos é extremamente inteligente e sábia. Fazendo um bom contraponto para Midas que muitas vezes se sente perdido.

A história desenrola-se basicamente através da tentativa de uma descoberta de uma cura para Ida. Através desta busca os personagens vão-se descobrindo a si mesmos e acabam por perceber que se não viverem o momento, se não fizerem o que podem quando podem, as oportunidades podem não voltar. Afinal nunca se sabe quanto tempo a vida pode durar. Esta é uma das lições que o livro pretendo transmitir, mas na realidade existem mais temas abordados ao longo do livro.

Quanto ao ambiente da história, este é algo estranho. O autor passa a história a dar a entender que naquelas ilhas existe algo de mágico, de surreal, que afecta as populações. Desde algo que transforma tudo em que toca em branco, até à transformação das pessoas em vidro. No entanto nada destas coisas é explicada com clareza. Nunca chegamos a compreender o que é que transforma tudo em branco ou como o faz. Nem chegamos a perceber como é que as pessoas se começam a transformar em vidro. É uma doença? Uma maldição? Algo em que tocam? A verdade é que nunca chegamos a saber e isso transmite uma aura de mistério à narrativa que poderá deixar muita gente insatisfeita, mas que para mim funcionou porque achei que se enquadrava plenamente no tipo de história que nos estava a ser contada.

Resumindo, foi um livro do qual gostei bastante, mas que não me parece que seja para todos os tipos de leitores.

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