sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Opinião - Os Pilares da Terra Vol. I

Ficha Técnica:
Autor: Ken Follett
Título Original: The Pillars of the Earth
Páginas: 498
Editor: Presença
ISBN: 9789722337885
Tradutor: Alice Rocha

Sinopse:
Do mesmo autor do thriller "A Ameaça", chega-nos o primeiro volume de um arrebatador romance histórico que se revelou ser uma obra-prima aclamada pela comunidade de leitores de vários países que num verdadeiro fenómeno de passa-palavra a catapultaram para a ribalta. Originalmente publicado em 1989, veio para o nosso país em 1995, publicado por outra editora portuguesa, recuperando-o agora a Presença para dar continuidade às obras de Ken Follett. O seu estilo inconfundível de mestre do suspense denota-se no desenrolar desta história épica, tecida por intrigas, aventura e luta política. A trama centra-se no século XII, em Inglaterra, onde um pedreiro persegue o sonho de edificar uma catedral gótica, digna de tocar os céus. Em redor desta ambição soberba, o leitor vai acompanhando um quadro composto por várias personagens, colorido e rico em acção e descrição de um período da Idade Média a que não faltou emotividade, poder, vingança e traição. Conheça o trabalho de um autêntico mestre da palavra naquela que é considerada a sua obra de eleição.

Opinião:
Os Pilares da Terra é um daqueles livros de que toda a gente fala. Há muito tempo que ouço louvores relativamente a este autor. No entanto nunca me tinha sentido tentada a dar-lhe uma oportunidade. Foi por mero capricho que me decidi a comprar os dois volumes. Apanhei-os em segunda mão e pensei: Porque não? A verdade é que já à bastante tempo que estavam parados cá por casa. Sendo que ultimamente a maior parte das minhas leituras inserem-se nas categorias de Fantasia e Erótico apeteceu-me desta vez pegar em algo um pouco diferente. E foi assim que finalmente me estreei com Ken Follett. Neste momento a única questão que me coloco é: Porque demorei tanto tempo?

O livro conta-nos a história da construção de uma catedral. Os personagens de certa forma limitam-se a ser os veículos utilizados para contar a história da dita catedral. No entanto não é por isso que o autor se desleixa. Cada personagem está bem definido e caracterizado, no entanto vão-se transformando ao longo da narrativa, sendo que o autor vai vincando determinados traços de cada personagem. Fiquei assoberbada pelo facto de não haver quase personagens que fossem "boas". No geral têm todas um laivo de maldade e são capazes de surpreender com acções completamente inesperadas durante o desenvolvimento da narrativa. O Prior Philip e Tom pedreiro são as únicas que considero terem uma moral e serem pessoas que se regem por aquilo que acreditam e em função dos outros, não tomando propriamente atitudes que apenas sirvam os seus interesses.

O enredo parece bastante simples, mas não é. Em cada palavra ou acção que lê-mos está escondida uma segunda intenção, uma jogada politica, uma traição. E o autor vai-nos mostrando todas as tramóias aos poucos. No entanto o que mais gostei no livro foi a maneira como o autor vai mostrando os acontecimentos pelos olhos dos diferentes personagens. De como personagens que pensávamos não terem importância para a narrativa passam a ter um papel principal no desenvolvimento dos acontecimentos. A maneira como o autor interliga cada personagem é também bastante convincente, nada parece ser deixado ao acaso. O modo como Follett vai passando de um personagem para o outro está também excepcional. Basta que se cruzem na estrada, um simples olhar, e quando damos por isso já estamos a mergulhar na vida dessa nova personagem que para nós seria um simples transeunte.

A maior parte de vocês já sabe que o autor é fantástico, e que os seus livro são obras primas. Agora tenho também a possibilidade de me juntar ao rol de fãs e recomendar o livro por experiência própria.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mini Opinião - Among The Nameless Stars

Ficha Técnica:
Autor: Diana Peterfreund
Páginas: 60 (Ebook)
Editor: HarperCollins

Sinopse:
Before Kai joined the Cloud Fleet, he wandered… AMONG THE NAMELESS STARS.

Four years before the events of FOR DARKNESS SHOWS THE STARS, the servant Kai left the North Estate, the only home he’d ever known, and Elliot North, the only girl he ever loved, in search of a better life. But the journey was not an easy one.

Featuring narrow escapes, thrilling boat races and at least one deadly volcanic wasteland.

Opinião:
This short story tells us what Kai went through when he decided to leave everything behind and become a "free man". We start to see the man he came to be in For Darkness Shows The Stars. An aspect of his character that I had not noticed before is how proud he is. Not in a bad way, but in a way that lets us walk with our heads held high no matter what. We got to see a little glimpse of Sophia, and I was sad that I couldn't watch more.

The only thing that really bothered me was the fact that it was implicit, in For Darkness Shows The Stars, that he had a lot of crap thrown at him, that it was almost do the genetic procedures or die. When I read what really happened I felt disappointed. I hoped for more tragedy. I'm not saying that it wasn't bad, I just think that the author could have chosen a better way to tell us what happened. I was hoping to course through the story, and that didn't happen.


It's a nice way to know what happened if you are curious, but nothing you're going to miss if you don't read it.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Opinião - For Darkness Shows The Stars

Ficha Técnica:
Autor: Diana Peterfreund
Páginas: 293 (Ebook)
Editor: Balzer + Bray
ISBN: 9780062114372

Sinopse:

It's been several generations since a genetic experiment gone wrong caused the Reduction, decimating humanity and giving rise to a Luddite nobility who outlawed most technology.

Elliot North has always known her place in this world. Four years ago Elliot refused to run away with her childhood sweetheart, the servant Kai, choosing duty to her family's estate over love. Since then the world has changed: a new class of Post-Reductionists is jumpstarting the wheel of progress, and Elliot's estate is foundering, forcing her to rent land to the mysterious Cloud Fleet, a group of shipbuilders that includes renowned explorer Captain Malakai Wentforth--an almost unrecognizable Kai. And while Elliot wonders if this could be their second chance, Kai seems determined to show Elliot exactly what she gave up when she let him go.

But Elliot soon discovers her old friend carries a secret--one that could change their society . . . or bring it to its knees. And again, she's faced with a choice: cling to what she's been raised to believe, or cast her lot with the only boy she's ever loved, even if she's lost him forever.

Inspired by Jane Austen's Persuasion, For Darkness Shows the Stars is a breathtaking romance about opening your mind to the future and your heart to the one person you know can break it.

Opinião:
So, it's the first time I'm trying to write a review in english, and I'm sorry if some parts get a little confusing. I will try to do my best to talk about this awesome book I just read. For Darkness Shows The Stars was chosen as one of the readings for this month read-along. For quite some time now, I've been wanting to read this book, but another book always got in the way, so it kept being left behind. Until yesterday. What can be more fun than reading a book with a bunch of people and then discuss it? I have to say that I was a little eager and selfish. I read the book in just one night, because I couldn't put it down.

The book tells us the story of Kai and Elliot, and I need to confess, in the beginning I was a little bit confused, because Elliot is a guy's name. But in this case is a girl! The story is basically told in the present, but we are able to see what it was like when they were young, and the kind of friendship they had. The way the author uses to tell us this is with letters that they used to send to each other since they were very young. These letters not only show us what were they like, but they are also used to make us understand how this world works, since Elliot and Kai were always discussing everything they learned in school or with their parents. And thanks to the fact that they are in different social classes, they have different points of view about everything, what makes us able to understand the different actions of Elliot and Kay when confronted with the same problem.

The book starts with the first letters that they ever wrote to each other. That way we know how everything began. And it was a very funny way of starting a friendship. These letters were always able to put a smile on my face. One thing that I really loved about the book is the story of how and why the world collapsed. The DNA engineering and everything else was well described and it shows that the author took time to understand what she was talking about. Plus, I'm a laboratory girl too, with a thing for genetics, so as you all can imagine, I loved every description that Diana did about this subject.

Talking about the characters, most of the book is told by Elliot’s point of view, so we understand more her actions than everyone else’s. We see a little bit of Kai too, but not enough to really get him. I liked it that way, Kai has an aura of mystery surrounding him, and the best way to keep it that way was showing us the less possible. Elliot was a character that intrigued me and made me feel confused. I liked her, I really liked her. And I understand all her internal struggles. It's not easy to overcome the beliefs you were raised to. And she is a very strong character, with a mind of her own, and someone that fights for what she believes is right. But she is not quit the kind of character we are used to call strong. When we think about strong characters we normally think that they fight with all their body and soul, and confront everything and everybody that stands in their way. Elliot was nothing like that. She was strong because she was able to let go someone she loved because she had to take care of everybody else. She didn't fight her father or sister, but tried to manipulate them in a way that could bring benefits for everybody. She always let them step on her to protect everyone else. And it was strange to see her let them do it, because when she was not with them, she was so brave. But I get it, I really get it. And I praise the author for making me understand her ways. And I hated her father. He is abominable, and that is something that is good. When the bad guy makes us hate him, it means that the author is doing something well.

So I really recommend this book. I am also very curious to read the short stories and the second book that is coming out October 15th. I want to know more about this world.

A very big thank you to p7 from Bookeater/Booklover for helping me make this review understandable.

domingo, 25 de agosto de 2013

Opinião - A Jóia Encantada

Ficha Técnica:
Autor: R. A. Salvatore
Título Original: The Halfling's Gem
Páginas: 310
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374211
Tradutor: Mário Matos

Sinopse:
Drizzt do'Urden está de volta. Venha descobrir a lenda do elfo mais misterioso e temido da fantasia.

E acompanhe-o na épica jornada por um mundo onde só lâminas afiadas impõem respeito.

O assassino Artemis Entreri rapta a sua vítima, Regis, o halfling, e leva-o para Calimport onde o entrega nas mãos do vingativo Pasha Pook. Se Pook conseguir controlar a pantera mágica Guenhwyvar, Regis irá morrer num verdadeiro jogo de gato e rato. Com o auxílio de uma máscara encantada, o elfo negro Drizzt do’Urden esconde os traços da sua herança e junta-se ao bárbaro Wulfgar numa corrida desesperada para salvar o halfling. Um aliado inesperado surge no momento em que Entreri solta uma armadilha ao grupo. Mas conseguirá Regis sobreviver incólume? Os companheiros das Planícies Geladas lutam contra piratas ao longo da famosa Costa da Espada, desbravam os caminhos do deserto de Calimshan e confrontam monstros de outros planos para que possam salvar o seu amigo… e a si próprios.

Opinião:
Este livro começa após a descoberta de Mithrall Hall e o rapto de Regis pelo assassino Artemis Entreri. O único até hoje capaz de igualar o próprio Drizzt em combate. Ao longo de todo o livro vamos uma vez mais seguir as aventuras dos companheiros na sua tentativa de salvar Regis da morte certa às mãos do seu antigo patrono, Pasha Pook.

Como não poderia deixar de ser vamos conhecer várias novas personagens ou ficar a conhecer intimamente algumas já apresentadas. Contudo o que mais me agarrou neste livro foram sem dúvida as introduções introspectivas de Drizzt, não é que já não tivesse reparado nelas anteriormente, sempre foi das partes dos livros que mais gozo me deu ler. Mas neste último volume desta trilogia elas foram de uma maior notoriedade. Os debates de Drizzt acerca da nossa predisposição para seguir determinado caminho na vida e dos acontecimentos que convergem para um determinado estado de espírito, ou as suas divagações sobre o respeito são debates que devem e merecem ser lidos porque transmitem uma sabedoria que podemos e devemos aplicar no nosso dia a dia. Também o seu debate constante no livro acerca do "quem sou eu?", "será que mudando a minha aparência deixarei de ser eu mesmo?" levam o leitor a questionar determinadas atitudes e pensamentos relativos à sua própria maneira de estar na vida. E todas estas questões, mais que as aventuras passadas pelos heróis, deixaram-me completamente agarrada ao livro.

Temos também algumas surpresas agradáveis depois do final do livro anterior, e algumas finais também. Há pequenas insinuações que Drizzt poderá ter encontrado alguém que o compreenda e que goste dele mais do que como amigo, e isso é algo que eu gostaria de ver um pouco desenvolvido no próximo livro. Se bem que o que me parece é que será Regis a fazer com que os nosso amigos partam novamente numa aventura. Pelo menos é isso que o autor dá a entender no final do livro.

Um livro agradável de ler, tal como os anteriores. Irei aguardar que a Saída de Emergência publique mais algum para poder continuar a seguir estes heróis através das suas múltiplas aventuras, usando-as para se conhecerem uns aos outros e a si próprios cada vez mais.

Sunday's Quotes (07)

“We have to dare to be ourselves, however frightening or strange that self may prove to be.”May Sarton

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Opinião - Out of Play

Ficha Técnica:
Autor: Jolene Perry and Nyrae Dawn
Páginas: 320 (Ebook)
Editor: Entlanged: Teen
ISBN: 9781622660117

Sinopse:

Rock star drummer Bishop Riley doesn't have a drug problem. Celebrities—especially ones suffering from anxiety—just need a little help taking the edge off sometimes. After downing a few too many pills, Bishop wakes up in the hospital facing an intervention. If he wants to stay in the band, he’ll have to detox while under house arrest in Seldon, Alaska.  Hockey player Penny Jones can't imagine a life outside of Seldon. Though she has tons of scholarship offers to all the best schools, the last thing she wants is to leave. Who'll take care of her absentminded gramps? Not her mother, who can’t even be bothered to come home from work, let alone deal with their new tenants next door. Penny’s not interested in dealing with Bishop’s crappy attitude, and Bishop’s too busy sneaking pills to care. Until he starts hanging out with Gramps and begins to see what he’s been missing. If Bishop wants a chance with the fiery girl next door, he’ll have to admit he has a problem and kick it. Too bad addiction is hard to kick…and Bishop’s about to run out of time.

Opinião:
Adoro as newsletters do goodreads. É sempre uma excelente maneira de conhecer novos autores e saber o que anda na berra e a despertar a curiosidade dos leitores por esse mundo fora. Desta vez, na Young Adult newsletter de Agosto, o livro que me despertou maioritariamente o interesse foi este. As reviews eram bastante boas e a sinopse pareceu-me interessante, levando-me a ficar bastante curiosa. Assim sendo decidi arriscar. Posso dizer que valeu muito a pena.

O livro conta a história de Penny e Bishop, alternando entre o ponto de vista dos dois. A acção passa-se num espaço de tempo relativamente curto, cobrindo o tempo que Bishop passa no Alaska enquanto passa por uma desintoxicação. É a sua viagem que nos permite conhecer Penny, a única rapariga a jogar hóquei na equipa de rapazes, sendo que consegue ser melhor que eles e que é uma daquelas pessoas que desde muito nova sabe aquilo que quer e luta por isso. Ao contrário de Bishop, que basicamente se deixou arrastar pelo mundo da fama e se tornou em alguém que não era.

Os protagonistas são jovens adultos, por volta dos 18 anos, mas não considerei, de todo, que esta fosse uma história YA. A mentalidade dos personagens não é de jovens irracionais e irresponsáveis, não há grandes dramas acerca do amor nem uma inocência que raia o ridículo. Ambos os personagens principais como os secundários foram construídos, caracterizados e apresentados com cuidado e inteligência. Penny é uma rapariga extraordinária. Desde sempre que sabe o que quer. No entanto parece que ninguém consegue perceber ou aceitar a sua decisão, tentando forçá-la a seguir um caminho que ela sente não ser o seu. É alguém que não se deixa intimidar pelos desafios, tendo sempre uma resposta sarcástica pronta. Adorei as suas interacções com os rapazes da sua equipa, onde se percebe que todos a temem e respeitam pela sua personalidade e não apenas por ser uma rapariga gira. Brandon por outro lado tem um dom natural para a bateria, fazendo parte de uma banda bastante famosa. No entanto sofre de ataques de ansiedade, que o levam aos poucos a ficar viciado em comprimidos. Brandon é o complemento perfeito para a personalidade de Penny. Tem também um humor mordaz, e responde a Penny na mesma moeda a todo o tempo. Ao mesmo tempo é das poucas pessoas que realmente a percebe e a apoia, pois já passou por situações extremamente complicadas na vida. Desde o início que Brandon aceita Penny pelo que ela é, ao mesmo tempo que demonstra um grande coração, sendo basicamente adoptado pelo avô de Penny.

Além de todas as características dos protagonistas que nos fazem sentir próximos deles a maneira como as autoras nos apresentam as situações e constroem o cenário é muita boa. A todo o momento nos sentimos completamente relacionados com as personagens e tocados pelos sentimentos que nos vão apresentando. O romance que as autoras nos apresentam, e que serve de eixo à história, não sendo no entanto o mais importante, está bastante bem construído. Não é enjoativo como normalmente acontece nas histórias YA, nem sequer é lamechas. É dado tempo às personagens para realmente se conhecerem, e as suas picardias são hilariantes. É fantástico ver como eles se começam a apaixonar quase sem se aperceberem.

Em suma, um livro que recomendo sem qualquer reserva. Intenso, mas ao mesmo tempo divertido e de fácil leitura.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Opinião - O Estrangulador de Cater Street

Ficha Técnica:
Autor: Anne Perry
Título Original: The Cater Street Hangman
Páginas: 336
Editor: Asa
ISBN: 9789892323695
Tradutor: Mário Dias Correia

Sinopse:
O primeiro mistério do casal de detectives Charlotte e Thomas Pitt.

Enquanto as irmãs Ellison - Charlotte, Sarah e Emily - visitam amigos e tomam chá nos melhores salões londrinos, uma das suas criadas é brutalmente assassinada. Para Thomas Pitt, o jovem e pacato inspetor destacado para o caso, ninguém está acima de suspeita. A sua investigação na requintada casa da família Ellison vai provocar reações extremas: para uns, será de absoluto pânico; para outros, de deselegante curiosidade; para a jovem Charlotte será algo mais íntimo e empolgante. Algo capaz de levar Thomas a perder momentaneamente o seu instinto detetivesco e a andar com a cabeça nas nuvens. Mas sobre o casal pairam sombras impossíveis de ignorar: Charlotte é uma menina da sociedade e Thomas pertence à classe trabalhadora... e o assassino que atormenta as ruas da cidade continua à solta, implacável.

Opinião:
A função das sinopses é dar-nos uma ideia daquilo que se passa no livro de modo a conseguirmos identificar se este nos poderá agradar ou não. Infelizmente, muitas vezes, acontece que a sinopse possa ser ligeiramente enganadora ou confusa, tal como acontece neste caso. Quando livro pela primeira vez a sinopse fiquei a pensar "Mas afinal é um romance em que as mortes vêem estragar tudo ou é um policial em que vemos uma relação desenvolver-se?". Ainda bem que o segundo caso é aquele que se verifica, se não acho que teria ficado bastante desapontada.

A história vai-nos sendo contada através do ponto de vista de várias personagens, sendo todas da família de Charlotte, e através destas diferentes personagens que vamos ficando ao corrente daquilo que se está a passar. A família apercebe-se que estão a ocorrer mortes perto da sua habitação, mas como boa família que é não dá importância, até o desastre lhes vir bater à porta.

No geral gostei bastante dos diferentes personagens, a caracterização dos mesmos é boa e o facto de podermos ver o que lhes vai na cabeça é uma mais valia para nos sentirmos próximos deles e percebermos as suas atitudes. Cada uma das irmãs tem uma personalidade diferente e bem definida, dando dimensão à narrativa e tornando as suas interacções bastante interessantes. Charlotte é sem dúvida uma das personagens principais, e como tal é uma personagem marcante. Diz tudo aquilo que pensa e tem uma língua bastante afiada, sendo que não é o ideal de feminilidade procurado pelos homens daquela época. Já o Inspector Pitt, que supostamente teria também um papel principal aparece muito pouco e não conhecemos o que lhe vai na cabeça. Fiquei com pena e espero que esta situação seja alterada nos próximos livros, tendo em conta que este é basicamente um livro introdutório.

O ambiente criado pela autora é bastante convincente. Ao longo de todo o livro a autora mantém-nos a saltar de um suspeito para o outro, dando-lhes destaque, para em seguida os esquecer, voltando a eles mais à frente. Passei o livro a sentir-me completamente manipulada, de uma maneira positiva! Gostei bastante de ver representado o que o medo faz às pessoas, como afecta a capacidade das pessoas de agir normalmente e pensar, levando até que se destruam famílias. O final revelasse-nos aos poucos e só mesmo nas últimas páginas é que a autora nos vai dando algumas pists sobre quem pode ser o assassino. O final é repentino e inesperado, e o livro tem um final abrupto, que nos deixa a questionar-mo-nos se no próximo livro ainda vamos ouvir falar deste caso ou não. Só tive pena de não ter estado mais a par das investigações do Inspector Pitt.

Um livro que gostei bastante. Caso seja editado mais algum livro da autora vou, sem dúvida, lê-lo.

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Opinião - Rios de Prata

Ficha Técnica:
Autor: R. A. Salvatore
Título Original: Streams of Silver
Páginas: 310
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374013
Tradutor: Mário Matos

Sinopse:
Drizzt do'Urden está de volta. O temível elfo negro Drizzt do’Urden, o anão Bruenor, o bárbaro Wulfgar e o halfling Regis, iniciam uma demanda por Mithrall Hall, o lar dos antepassados de Bruenor. E à medida que os companheiros prosseguem o seu caminho, enfrentam novos desafios: Wulfgar começa a ultrapassar a aversão da sua tribo à magia, Regis está em fuga de um assassino implacável, o temível Artemis Enteri. E todos os sonhos de Bruenor em resgatar a sua antiga pátria dependem de uma rapariga corajosa. Mas é Drizzt quem enfrenta o maior teste. Cansado da desconfiança e discriminação dos habitantes da superfície, pensa em regressar ao submundo tenebroso que o viu nascer e que abandonara anos antes.

Conseguirá o elfo negro ser aceite pelo mundo da superfície ou regressará às suas tão temidas origens?

Opinião:
Rios de Prata começa pouco tempo depois dos acontecimentos do livro anterior. Neste livro ficamos a par da viagem empreendida pelos nosso heróis de forma a conseguirem descobrir a localização de Mithrall Hall, o antigo reino de Bruenor. Ao longo de toda a trama veremos os heróis a enfrentar vários perigos e muitas aventuras e também a aprenderem novas formas de estar na vida.

Tendo em conta que os livros são baseados num jogo é perfeitamente normal que as descrições sejam bastante visuais. Além disso é utilizada ao longo de todo o livro a fórmula do "é desta que não se safam" e de repente acontece algo que vai salvar os nossos heróis mesmo por um triz. As personagens em si também são bastante estereotipada, sendo que temos o bárbaro que actua basicamente através da força em vez de usar o cérebro, o anão mal disposto e rezingão, o amigo esquivo e traiçoeiro, o elfo com grandes valores morais e que se mantém sempre no caminho certo e a heroína que é de uma beleza extrema, mas que de fraca não tem nada. Contudo o autor faz com que o estereotipo funcione na medida em que a história em si e os acontecimentos se adaptam às personagens. É-nos ainda apresentada mais pessoalmente um personagem já mencionado no livro anterior que irá trazer para o drow um mundo de novas questões.

É verdade que este é um tipo de livros mais virado para a aventura e para o contexto visual. No entanto não é por isso que deixa de ser um livro que tem momento de reflexão. Ao longo de toda a narrativa vamo-nos percebendo do valor da amizade e de quanto esta é importante, e que quem realmente gosta faz tudo pela outra pessoa, independentemente dos seus defeitos. Há também vários diálogos em que nos apercebemos da sabedoria dos personagens apesar de alguns serem de tenra idade. E é sempre gratificante vermos personagens que temos vindo a acompanhar aprenderem novas lições e tornarem-se pessoas mais sagazes e compreensivas do mundo que os rodeia.

Há pequenos pormenores que me deixaram um pouco incomodada ao longo da narrativa, como o facto de Bruenor estar constantemente de mau humor. Não me lembrava assim dele das outras obras que já li do autor e senti-me um pouco surpresa com tanta amargura demonstrada. O facto de que na sinopse é dada grande importância ás dúvidas de Drizzt e depois estas serem superadas tão rapidamente com uma simples conversa e sem quase haver um momento de introspecção deixou-me também um pouco amargurada. Sinceramente estava à espera de um pouco mais. Sem contar com o facto de que às vezes chateia um pouco o facto de que o drow ainda não conseguiu aceitar quem é ao fim de tanto tempo.

O livro acaba de uma maneira desesperante, na medida em que ficamos na dúvida se o mal reinante neste livro foi ou não derrotado. Irei em breve ler o próximo para satisfazer a minha curiosidade.

domingo, 18 de agosto de 2013

Opinião - A Livraria Noite e Dia do Senhor Penumbra

Ficha Técnica:
Autor: Robin Sloan
Título Original: Mr. Penumbra's 24-Hour Bookstore
Páginas: 287
Editor: Bertrand
ISBN: 9789722526791
Tradutor: Tânia Ganho

Sinopse:
A grande recessão fez com que Clay Jannon perdesse o seu emprego confortável, mas previsível, como web designer; contudo, a sorte, a pura curiosidade e a sua capacidade de subir e descer um escadote como um macaco permitem-lhe encontrar emprego no turno da noite da misteriosa Livraria Noite e Dia - gerida pelo não menos misterioso A. Penumbra. Após algumas noites de trabalho, os mistérios sucedem-se: a livraria tem pouquíssimos clientes, mas eles vêm repetidamente e parecem nunca comprar nada, limitando-se a «pedir emprestados» uns volumes obscuros dos recantos ainda mais obscuros da livraria, segundo um acordo com o excêntrico livreiro. Apesar dos avisos do seu novo patrão, Clay não resiste a analisar o comportamento dos seus clientes e a tentar descobrir de que tratam aqueles estranhos volumes e exatamente o que se passa nesta bizarra livraria. No entanto, os segredos que descobre (com a ajuda de uma namorada que trabalha na Google e um bando de amigos geeks e techies) vão muito além das paredes da Livraria Noite e Dia… um mistério tão vasto que só pode caber dentro de um livro!

Opinião:
A Livraria Noite e Dias do Senhor Penumbra é um livro um pouco estranho. É um livro que mistura o amor pelos livros e pelas tecnologias com a curiosidade natural do ser humano e também com as relações humanas. Para já bastou o título para me deixar cativa (e refiro-me ao título português). Acho que é de alguma ironia o facto de a livraria se chamar noite e dia e ser administrada por alguém chamado Penumbra. Afinal,na passagem entre o dia e a noite e vice-versa deparamo-nos sempre com um período de penumbra.

Achei a história em si um pouco estranha, talvez pela panóplia tão variada de personagens apresentados. Cada um com as suas características tão peculiares, são personagens que se poderia dizer completamente alucinadas nos seus nichos. E as descrições que o autor faz dos clientes que vão aparecendo na livraria são simplesmente deliciosas. Acho que não houve uma única personagem com a qual não tivesse sentido empatia, nem uma única que tenha achado desnecessária. Cada uma delas pareceu-me ser completamente vital para o desenvolvimento da narrativa. A maneira como o autor deixa que os personagens interajam entre si é também bastante natural, sendo que eu me conseguia ver a adoptar determinadas atitudes e pronunciar determinados discursos ao longo de toda a história.

Se há algo que também merece referência é a estratégia que o autor utilizou para fazer evoluir a história. Esta vai sedo construída sobre enigmas. Sendo que cada um leva ao seguinte e nós nunca nos conseguimos aperceber muito bem qual será o próximo enigma e como é que este poderá ser resolvido. A maneira como Sloan entrelaça o mundo físico do livro com o mundo digital é simplesmente deliciosa. Todos os enigmas giram à volta de livros e obrigam os personagens a um contacto directo com estes, no entanto estes procuram sempre as respostas para os problemas através das tecnologias. Dando ênfase ao Google. E por falar nisso tenho que admitir que foi delicioso ao longo de toda a narrativa ver pequenas referências a determinados elementos do nosso quotidiano tanto literário como tecnológico.

No entanto o que mais gostei no livro foi sem dúvida o final. Um final que nos revela qual o segredo da vida eterna e que está carregado de sentimento e significado.


P.S. - Mas a maior surpresa que tive em relação a este livro foi apagar as luzes e ele brilhar no escuro! Adorei!

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)

Sunday's Quotes (06)

“Some people bring out the worst in you, others bring out the best, and then there are those remarkably rare, addictive ones who just bring out the most. Of everything.
They make you feel so alive that you'd follow them straight into hell, just to keep getting your fix.”
Karen Marie Moning, Shadowfever

sábado, 17 de agosto de 2013

Fórum Fantástico 2013

E foram anunciadas ao dia de hoje as datas e o cartaz do Fórum Fantástico 2013. Este está programado para ocorrer entre os dias 15 e 17 de Novembro na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, como já vem sendo costume.


Cartaz deste ano da autoria do designer Pedro Marques


Notícia originalmente publicada aqui.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Opinião - Burn

Ficha Técnica:
Autor: Maya Banks
Páginas: 368
Editor: Berkley
ISBN: 9780425267080

Sinopse:
Ash, Jace, and Gabe: three of the wealthiest, most powerful men in the country. They’re accustomed to getting anything they want. Anything at all. For Ash, it’s the woman who changes everything he’s ever known about dominance and desire...

When it comes to sex, Ash McIntyre has always explored his wilder side—extreme and uncompromising. He demands control. And he prefers women who want it like that. Even the women he’s shared with his best friend, Jace.

But Jace is involved with a woman he has no intention of sharing. And now even Gabe has settled into a relationship with a woman who gives him everything he needs, leaving Ash feeling restless and unfulfilled.

Then Ash meets Josie, who seems immune to his charms and his wealth. Intrigued, he begins a relentless pursuit, determined she won’t be the one who got away. He never imagined the one woman to tell him no would be the only woman who’d ever drive him to the edge of desire.

Opinião:
Burn conta então a história de Ash. O último dos três amigos a ficar completamente apanhadinho por uma mulher. A acção começa pouco dias antes do casamento de Gabe e Mia. E sendo que Ash é o único que neste momento não tem uma mulher com quem partilhar a sua vida, sente-se um pouco posto de parte. Isto é até conhecer Josie, e como não podia deixar de ser ficou logo completamente obcecado em conhecê-la e em tê-la só para si.

No geral achei o livro mais morno que os anteriores. Não achei as personagens tão bem conseguidas, nem o desenvolvimento da acção. A nível dos personagens achei que ambos eram inconstantes e não tomavam atitudes adequadas ao retrato que a autora nos pinta sobre eles. Gabe supostamente é,supostamente, dos três amigos o mais intenso e perigoso. ao longo de todo o livro não foi isso que senti, sendo que atribuiu estas características a Jace. A nível da protagonista principal, Josie, esta é ainda pior que Ash. Supostamente é uma pessoa independente, forte e com atitude. E sim, ao início ficamos a conhecer essa personagem, mas ela rapidamente se desvanece assim que a relação com Ash começa. Sendo que, de repente, ganha outra vez uma atitude e depois a perde. Chega a ser um pouco enervante.

Outros aspecto que também me desagradaram no livro foi a constante repetição do mesmo tipo de informação. Com frase iguais e tudo! Ao menos a autora poderia ter variado o texto. Mas não. Para finalizar tenho que acrescentar que o motivo da zanga entre Josie e Ash era um bocadinho óbvia. Enquanto que nos livros anteriores sabemos que vai acontecer alguma coisa, mas não estamos bem a ver o quê e acabamos por, de certa forma, ser surpreendidos. Desta vez tal não aconteceu, sendo que a autora vai dando pistas ao longo de todo o livro. Além disso achei o motivo um pouco disparatado e forçado, apesar de perceber os motivos que levaram Josie a separar-se de Ash, não os consigo ligar à pessoa que vi a ser desenvolvida ao longo do livro.

Contudo também existiram coisas que adorei! Os melhores momentos do livro são, sem dúvida, quando as protagonistas femininas se juntam. Sendo nas saídas nocturnas ou num simples café, sempre que estão juntas vai dar disparate e gargalhada na certa! Gostei também de a autora tivesse introduzido uma nova personagens, a irmã de Ash, Brittany, pois caso a autora queira pegar novamente nestes personagens pode fazê-lo através dela. E tenho desde já a dizer que me sinto extremamente curiosa para conhecer melhor esta personagem e o seu par. A autora poderia escrever uma short story a contar o seu envolvimento que eu iria lê-la de certeza!

Como final para a trilogia achei o livro um pouco fraco comparado com os anteriores, sendo que não foi por isso que deixei de gostar dele. No geral uma trilogia interessante e que merece ser lida. Sendo que o primeiro livro já está traduzido em português pela Bertrandcom o nome Obsessão é agora uma questão de quem só lê em português aguardar, pois vale a pena fazê-lo.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mini Opinião - Receitas Fantásticas

Ficha Técnica:
Organizador: Grupo Fantasy & Co
Páginas: 15

Sinopse/Introdução:
Todos dos meses no “Fantasy & Co.” (site) abrimos uma votação para seleccionar qual será o tema do conto especial do mês seguinte. Em Fevereiro de 2013 ganhou o tema “Receitas”, por isso os posts de Março fora um pouco diferente do habitual. Em vez de um conto dividido por partes, tivemos 4 receitas fantásticas, uma das quais pela mão da autora convidada Mogu-Mogu chan, do blog “Mogu-Mogu” (site).

Uma das receitas é algo que podem e devem experimentar, as outras… bem… não aconselho. Mas, ei, se conseguirem arranjar túbaros de troll ou escamas de dragão, força!

Opinião:
Já há algum tempo que tinha alguma curiosidade neste projecto e assim sendo pedi opinião acerca de por onde podia começar, sendo que me foi sugerida esta pequena antologia com receitas de Mogu-Mogu chan, Carina Portugal, Ana Ferreira, Sara Farinha e Carlos Silva. No geral gostei das várias receitas e também do conceito. Mais especiaficamente achei piada à receita da Carina Portugal pelo humor demonstrado e da de Carlos Silva, por ter ido buscar algo que cada vez mais hoje em dia é utilizado pelos preguiçosos, a Bimby. Senti-me um pouco desapontada com a receita da Ana Ferreira, se por um lado é original por meter zombies, por outra achei que havia falta de originalidade na apresentação da receita. Gostei ainda das pequenas notas e apartes que vamos encontrando ao longo das receitas. Após um início promissor vou tentar ler mais coisinhas relacionadas come este projecto.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Opinião - Traição

Ficha Técnica:
Autor: Gillian Shields
Título Original: Betrayal
Páginas: 296
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896573454
Tradutor: Carlos Pereira

Sinopse:
Quando Evie Johnson entrou na Escola de Wyldcliffe Abbey para Raparigas, a sua vida mudou de uma forma que não lhe teria sido possível prever: a descoberta da sua ligação a Lady Agnes, os laços especiais estabelecidos com Helen e Sarah e a sua irmandade nos espantosos segredos do Caminho Místico. Acima de tudo, o amor de Evie por Sebastian virou-lhe o mundo do avesso. Agora, Evie regressa a Wyldcliffe para outro período e mais perigo. Rodeada de inimigos, vive os dias com medo de que Sebastian caia nas trevas da servidão com os Senhores Invictos. O conclave de bruxas de Wyldcliffe conspira para destruir Evie e usar Sebastian para assegurar a sua própria imortalidade. Ela e as irmãs têm de dominar o poder do Talismã antes que seja demasiado tarde. Mas Sebastian não virá, em última instância, a trair Evie? Nesta continuação de Imortal, a magia e o romance arrebatador atravessam as fronteiras do tempo para gerar emoção e suspense de cortar a respiração.

Opinião:
Este livro começa pouco antes de o novo período em Wyldcliffe ter início. Ao longo do mesmo vamos ver Evie, Helen e Sarah a evoluírem no Caminho Místico ao mesmo tempo que tentam descobrir uma forma de aceder aos poderes do medalhão de Agnes de modo a poder ajudar Sebastian. Algumas personagens novas são apresentadas, mas nenhuma que tenha sido suficientemente desenvolvida ou que despertasse o interesse do leitor.

Foi um livro que de certa forma me impressionou. É essencialmente um livro juvenil, no entanto eu senti que as personagens até eram bastante maduras nas suas reflexões e maneira de estar. Ou seja, o livro não me deixou o tempo todo com comichões relativamente aos personagens. As únicas alturas em que me apercebia mais do teor juvenil do livro talvez fosse durante os diálogos. Mas penso que isso tenha mais a ver com a falta de jeito da autora para criar diálogos entre personagens.

Ao longo de todo o livro somos abordados pela obsessão de Evie em ajudar Sebastian, afinal é o seu verdadeiro amor, no entanto esta não é uma obsessão maçadora e irritante para o leitor. Vê-mos realmente que esta se preocupa com ele e que tudo o que faz é no sentido de o ajudar. Mas não é por isso que se torna numa pessoa tolinha e sem sentido das coisas. O livro tem também uma componente mais lamechas que nos é apresentada sob cartas escritas por Sebastian a Evie, que apesar do tom meloso não me fizeram revirar os olhos. As personagens de Helen a Sarah continuam muito iguais a si mesmas, a primeira uma pessoa mais racional e a segunda uma pessoa que está lá sempre para ajudar. É pena não termos um maior vislumbre do que se passa dentro da cabeça destas personagens, pois penso que seria bastante interessante verificar como diferentes personalidades lidam com os mesmos acontecimentos.

Existem alguns pontos menos positivos em relação ao livro, mas que não são de muita importância. Como por exemplo o facto de a autora ser um pouco óbvia quanto às suas intenções para o final do livro. Outro ponto que me deixou de pé atrás foi a inclusão de determinados elementos na história que penso não se encaixarem com o ambiente da história.

O final da história apesar de ser previsível surpreende, na medida em que por norma os autores arranjam sempre uma excepção qualquer para contornar determinadas situações. Neste caso isso não aconteceu, o que para mim conta como um ponto a favor para a autora. Contudo o facto de haver mais dois livros que se seguem a este deixa-me algo apreensiva. A história finalizou tudo o que basicamente haveria de importante para concluir. Tenho algum receio sobre em que é que a autora vai pegar para dar seguimento à história. Ao mesmo tempo sinto-me também um pouco curiosa pois os próximos livros vão ser contados pelo ponto de vista de Sarah e Helen.

Assim sendo vou aguardar que os próximos livros sejam editados. Seria bom que não demorassem muito tempo, pois infelizmente os contornos das histórias ao fim de algo tempo começam a esbater-se, o que é sempre uma pena

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Opinião - A Submissa

Ficha Técnica:
Autor: Tara Sue Me
Título Original: The Submissive
Páginas: 280
Editor: Lua de Papel
ISBN: 9789892324180
Tradutor: Carla Melo

Sinopse:
Até onde irias para viver uma fantasia? Abby tem uma fantasia secreta. Em Nova Iorque toda a gente sabe quem é Nathaniel West, o sedutor milionário que controla as West Industries. Mas poucos conhecem o seu segredo: ele é um dominador terrivelmente sexy, extremamente exigente. E procura uma nova submissa. Abby é uma bibliotecária, tem uma vida cinzenta, anseia por mais - todo um mundo de prazeres de que ouviu falar mas que nunca ousou experimentar. E tem uma dívida antiga para com Nathaniel, que ele próprio desconhece. Ela oferece-se a medo, promete satisfazer-lhe os mais recônditos desejos. E após um tórrido fim-de-semana a dois, Abby não tem dúvidas: quer mais, muito mais, nem que para isso tenha de se submeter às condições impostas pelo seu novo Mestre... Mas até onde será capaz de ir? Num jogo de paixão e poder, onde aos poucos o amor se insinua, Abby vê-se perante um dilema: face à frieza e distância de Nat, ela teme que o coração dele esteja fora do seu alcance - ou que o seu próprio coração esteja para sempre perdido. Muito antes de As Cinquenta Sombras de Grey, 8 milhões de leitoras ávidas devoraram a trilogia A Submissa, que continuará com O Dominador e A Iniciação.

Opinião:
Antes de mais não posso deixar de comentar a encadernação. Gostando-se ou não a verdade é que a editora tem sido original na apresentação dos seus livros, pelo menos na apresentação dos romances eróticos a que tenho conseguido deitar a mão. E querendo ou não, o que é fora do normal atrai sempre a atenção. E por falar em atrair a atenção, já não chega de se tentar vender livros baseando-se na etiqueta mencionando os livros de E. L. James? Será que já não é suficiente um livro ser bom para vender? É que ainda por cima o livro não tem nada a ver com as 50 sombras. Quer dizer, o início pode parecer um pouco semelhante em determinados aspectos como a situação do contrato e da alimentação. No entanto o livro tem também outras características semelhantes a outros livros que tenho lido. Neste caso não penso que seja falta de imaginação, mas sim o facto de que no mundo do BDSM há certos factores que são sempre recorrentes, e como se trata de um livro que inclui esse estilo de vida é normal que determinados assuntos sejam abordados.

O livro conta-nos a história de Abby e Nathaniel. Ela é uma rapariga que considera o seu mundo cinzento e não consegue encontrar satisfação com os seus parceiros e por isso decide que precisa de algo novo. E quem melhor se não Nathaniel para a levar a descobrir-se, tendo em conta que ela até tem um fraquinho por ele? Já ele é um homem sexy, inteligente e duro. Mas não é por isso que deixa de ser carinhoso. E pasmem-se alminhas! Ele não é controlador, maníaco e obsessivo! E posso garantir que esta particularidade é um ponto a favor da autora! Além de que a heroína também se sobressai por não ser propriamente devassa, mas também não ser propriamente inocente. Achei que as personalidades dos personagens se complementavam. Enquanto ela o ensinava o que é o amor, ele ensinava-a acerca do prazer.

Gostei da história que nos é apresentada, mas senti que o livro era pequeno. Com mais algumas páginas a autora poderia ter criado uma maior intimidade entre os protagonistas, mas também uma maior intimidade entre os protagonistas e os leitores. Havia certas passagens que aconteciam muito rápido, dando a sensação que o que se estava a passar era anti-natura, na medida em que sentíamos que seria necessário um maior desenvolvimento a nível da relação entre os protagonistas para se chegar àquele ponto. No entanto não foi por isto que deixei de me sentir próxima de Abby e Nathaniel, sendo que havia alturas em que ria com eles e outras em que as emoções eram tão fortes que ficava com os olhos marejados. As personagens secundárias estão bem conseguidas, sendo que a minha preferida é sem sombra de dúvida Elaina, a mulher do melhor amigo de Nathaniel.

Para finalizar posso dizer que não considero que o livro seja propriamente um romance erótico. Não sei, mas depois de tudo o que já li, não penso nele assim. Penso nele mais como um romance com algum sexo à mistura. O próximo livro irá apresentar-nos os acontecimentos de A Submissa do ponto de vista de Nathaniel, e não posso dizer que não me sinta curiosa para descortinar o que ia na cabeça daquele homem em determinadas situações que nos vão sendo apresentadas ao longo do livro. Em suma, uma leitura simples, não muito original, mas que no fim até é agradável.

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Opinião - O Peso da Fama

Ficha Técnica:
Autor: Tara Hyland
Título Original: Fallen Angels
Páginas: 464
Editor: Porto Editora
ISBN: 9789720045478
Tradutor: Isabel Alves

Sinopse:
Uma criança indesejada
São Francisco, 1958. Numa noite fria de dezembro, um bebé é deixado no Orfanato das Irmãs de Caridade, em Telegraph Hill.

Um enigmático suicídio
Um ano mais tarde, a famosa atriz Frances Fitzgerald decide pôr termo à vida. Correm vários rumores alegando que o marido, Maximilian Stanhope, um empresário abastado, sabe mais do que revela, mas nada é provado.

Um segredo terrível
Qual a relação entre estes dois acontecimentos? É essa a resposta que Cara, a filha de Frances, se predispõe a descobrir. Abandonada pela mãe aos sete anos, viveu uma infância ensombrada pelo sofrimento e pela perda. Mais tarde, encontra alguma realização a trabalhar como jornalista, porém, continua a debater-se com a falta de confiança que tem nos outros, e cada vez mais se convence de que descortinar o segredo por detrás da morte da mãe é a única forma de apaziguar os seus demónios. Irá a verdade destroçá-la ou serão inquebrantáveis os laços entre mãe e filha?

Opinião:
Pela sinopse o livro pode parecer que gira à volta do mistério que envolve os acontecimentos citados. Desenganem-se. O livro não é sobre os acontecimentos misteriosos descritos na sinopse, mas sim sobre a vida de duas mulheres, mãe e filha, e de como as atitudes e sonhos da primeira acabaram por moldar a vida da segunda.

Inicialmente começamos por conhecer Franny, pouco depois é-nos apresentada a relação entre Cara e Franny, e quando estas seguem rumos separados assim a história também segue direcções opostas, sendo que no final convergimos novamente para acontecimentos comuns. A história fala-nos basicamente da força dos sonhos, e como a obsessão em realizá-los leva a que nos tornemos pessoas egoístas. Franny decidiu tornar-se Frances Fitzegerald, e pelo caminha perdeu aquilo que de mais importante tinha na sua vida, Cara. Cara depois de ser afastada pela mãe passa por diversas provações, até que depois de muita luta se torna numa mulher independente e realizada, mas sem a capacidade de se entregar e amar alguém, devido ao abandono por parte da mãe.

Gostei bastante da maneira que a autora utilizou para contar a história, saltitando de Cara para Franny e vice-versa, mostrando como as atitudes de Franny acabaram por influenciar Cara. Gostei de perceber o que cada uma sentia relativamente à outra face aos mesmos acontecimentos. Principalmente no final, gostei da forma como a autora saltou entre o presente e o passado para nos explicar o que realmente aconteceu e que é mencionado na sinopse. As descrições da autora são bastante vividas e envolventes. Apesar de não aprovar as atitudes de Franny, ao longo de toda a sua jornada, a verdade é que a autora me fez percebê-las e eu não consegui sentir-me propriamente desapontada ou zangada com ela. A autora consegue cativar-nos com as suas personagens lutadoras e cheias de defeitos. Levando-nos a ficar comovidos por diversas vezes ao longo do livro. Posso dizer que por diversas vezes me vi com uma lágrima ao canto do olho.

Gostei bastante do final apresentado pela autora e da maneira como ela encaixou tudo e deu paz às suas personagens. Penso que a autora não poderia ter criado um cenário mais perfeito. Foi com agrado que segui Franny e Cara ao longo de toda a narrativa, vendo-as crescer e desenvolver-se nas pessoas que acabaram por se tornar. Um livro que aconselho vivamente.

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)

domingo, 11 de agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Opinião - A Noite Eterna

Ficha Técnica:
Autor: Guillermo del Toro e Chuck Hogan
Título Original: The Night Eternal
Páginas: 482
Editor: Objectiva
ISBN: 9789896721480
Tradutor: Ana Mendes Lopes

Sinopse:
Terceiro e último volume da saga de vampiros da autoria do célebre realizador Guillermo del Toro. A estirpe misteriosa que transforma os habitantes dos Estados Unidos da América em está a espalhar-se pelo resto do mundo. Apenas um pequeno grupo tenta lutar contra os monstros sedentos de sangue. Mas Eph Goodweather, o médico que conseguiu identificar o parasita que causa a infecção trouxe a esperança para o último combate. É o ajuste de contas final, com um resultado emocionante e totalmente inesperado.

Opinião:
Antes de mais tenho que dizer que não entendo o objectivo de fazerem um livro de 482 páginas que eu tenho a certeza que poderia ter menos. Ora vejamos, de margens laterais temos 2,5cm e de cabeçalho e rodapé 3cm, isto para A Noite Eterna. Num livro seleccionado aleatoriamente tenho margens laterais de 2cm e cabeçalho e rodapé com 2,5cm. Podem dizer que 0,5cm não é uma grande diferença, mas a verdade é que para um livro é uma grande diferença, parece que a página está vazia com meia dúzia de letras no meio. E poso dizer desde já que é algo que me irrita bastante.

Posto isto, se adorei A Estirpe e gostei de O Ocaso, posso dizer que A Noite Eterna é nhe. O livro começa dois anos depois de O Ocaso terminar e mostra-nos o estado psicológico e físico em que os personagens estão. Sendo que houve mudanças drásticas em alguns, principalmente ao nível do Dr Ephraim. Este tornou-se uma pessoa desesperada e perdida, viciada em narcóticos, que apenas consegue pensar em encontrar o seu filho Zack, sem se aperceber que isso está a destruí-lo e lhe está a roubar as poucas coisas boas que ainda tem.

A nível da construção de personagens os autores estiveram bem. Estas são sólidas, bem conseguidas e tomam atitudes de acordo com as suas personalidades, o que transmite solidez à narrativa. A história já é uma situação completamente diferente. Senti que todo o livro não passava de um grande enrolanço. Em que passávamos mais tempo a ler que eles estavam a tentar fazer algo do que propriamente a vê-los fazer algo. Aquilo que acontece em 482 páginas poderia, talvez, ser reduzido para metade. Compreendo que determinados acontecimentos seriam necessários para moldar e contextualizar as atitudes dos personagens, mas havia alturas em que era de mais. Em certas partes temos descrições desnecessárias dos pensamentos dos personagens e das suas acções, e nessas alturas eu saltava páginas para chegar ao que interessava. E uma atitude destas num leitor nunca é considerada boa. Além disto encontrei algumas incongruências na história, o que me deixou aborrecida.

Posso dizer que gostei das explicações da história do Lumen, se bem que tendo em conta que não conheço muito bem determinadas passagens da Bíblia, houve alturas em que fiquei um pouco confusa e teria ficado mais satisfeita com uma explicação um pouco mais clara dos acontecimentos.

Um livro final que deixa muito a desejar. Uma trilogia que começa com um livro soberbo e termina com um medíocre. Esperava mais, muito mais. Caso tenham curiosidade na trilogia, não vale a pena gastarem o vosso tempo e dinheiro. Caso já a tenham começado, aconselho a ler este último livro quando não tiverem mais nada de importante para ler, porque sinceramente não vale o tempo.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Opinião - O Homem Pintado

E agora que está para sair o terceiro livro, deixo a minha crítica ao primeiro, publicada na altura no Bella Lugosi is Dead.
Ficha Técnica:
Autor: Peter V Brett
Título Original: The Warded Man
Páginas: 606
Editor: Gailivro
ISBN: 9789895576777
Tradutor: Renato Carreira

Sinopse:
Por vezes existem boas razões para se ter medo do escuro. Arlen vive com os seus pais na sua quinta isolada a meio dia de viagem do pequeno povoado de Tibbet’s Brook. Mas no mundo de Arlen quando a noite cai uma estranha névoa começa a erguer-se do chão, uma névoa que promete uma morte terrível para todos aqueles que sejam suficientemente loucos para enfrentar a escuridão, pois demónios esfomeados, que não podem ser feridos por armas comuns materializam-se na névoa para se alimentarem dos seres vivos. Quando a noite cai as pessoas não têm outra alternativa se não esconderem-se nas suas casas cuidadosamente guardadas com símbolos mágicos de protecção que são a única coisa capaz de manter os demónios à distância até que chegue o nascer do sol. Nesta história três jovens irão oferecer à humanidade uma última e fugaz hipótese de sobrevivência.

Opinião:
O Homem Pintado conta-nos a história de três pessoas, Arlen, Leesha e Rojer. O mundo onde eles vivem está povoado por demónios que aparecem à noite e matam todos os seres vivos dos quais se conseguem apoderar. A única maneira de os manter afastados é através de guardas.

As guardas são símbolos desenhados e que servem para impedir os monstros de se aproximarem, para os atacar ou para transformar os seus ataques em acontecimentos agradáveis para os humanos. Mesmo assim a vida é complicada, pois muito do antigo saber se perdeu e as guardas que outrora existiram e que eram capazes de derrotar demónios estão esquecidas.

Arlen é um rapaz normal que vê o que o medo é capaz de fazer às pessoas, o que o leva a fugir do pai e a procurar uma vida em que se torne livre. Para isso torna-se um mensageiro. Leesha é a menina perfeita da aldeia que vê a sua vida destruída por uma mentira e acaba por se tornar na melhor herbanária. Rojer é um órfão que vê a mãe morrer quando tinha apenas dois anos e que acaba por descobrir na profissão de jogral o seu refúgio. O que os três têm em comum é que são pessoas com coragem e vontade de viver a vida. Para além disso, possuem conhecimentos que poderão vir a suprimir o terror em que o mundo se encontra.

A escrita do autor é bastante acessível e fácil de ler. Existem muitos momentos de emoções fortes desde o princípio até ao fim do livro. Cada personagem tem o seu quinhão de aventura. No entanto o mais interessante do livro são as pequenas lições de moral presentes ao longo do mesmo. Lições essas que todos sabemos, mas que temos tendência a esquecer com o tempo. Habituamo-nos a certas coisas e esquecemo-nos que procurar uma solução para os problemas. Penso que não voltarei a cometer o mesmo erro.

O livro é interessante, no entanto fiquei um pouco decepcionada pois depois das coisas que me disseram estava à espera de algo melhor. Senti que faltou qualquer coisa. Penso que as personagens podiam ter sido mais desenvolvidas, tornando-as mais próximas de nós. Isso teria um impacto muito maior. Não sei como, mas senti que a história podia ser muito mais explorada.

Continuo a sentir-me um pouco confusa. Por um lado gostei do livro por aquilo que podemos “reaprender” com ele. Mas por outro achei a história um pouco pobre. Penso que poderia ser muito mais cativante. Mas talvez isto aconteça apenas porque ia com as expectativas muito elevadas. De qualquer maneira, é um livro agradável para se passar o tempo. Agora é esperar pela continuação para ver se consegue, desta vez, superar as minhas expectativas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Opinião - Lisboa no Ano 2000 (Parte 3)

Ficha Técnica:
Organizador: João Barreiros
Páginas: 448
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374778

Sinopse:
Bem-vindos à maior cidade da Europa livre, bem longe do opressivo império germânico. Deslumbrem-se com a mais famosa das jóias do Ocidente! A cidade estende-se a perder de vista. O ar vibra com a melodia incansável da electricidade.

Deixem-se fascinar por este lugar único, onde as luzes nunca se apagam, seja de noite, seja de dia. aqui a energia eléctrica chega a todos os lares providenciada pelas fabulosas Torres Tesla.

Nuvens de zepelins sobem e descem com as carapaças a brilhar ao sol. Monocarris zumbem por todo o lado a incríveis velocidades de mais de cem quilómetros à hora. O ar freme com o estímulo revigorante da electricidade residual. Bem-vindos ao século XX!

Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos.

Opinião:
Aqui fica a terceira parte relativa a mais quatro contos apresentados nesta antologia. Este vai ser o penúltimo poste relacionado com o livro, sendo que o último irá constar dos três contos, que formam um só, do João Barreiros.

A Rainha de Pedro Vicente Pedroso - Ao início do conto a escrita do autor fez-me alguma confusão devido à contrução frásica. Principalmente no que toca à pontuação. No entanto pouco depois a escrita deixa de ser confusa e a história começa a envolver o leitor. Uma história que nos mostra o lado obsessivo, compulsivo e vingativo do ser humano. Uma história que em determinado momento começa a alterar a sua forma e o seu foco e se torna mais sombria, mostrando-nos toda a loucura e morbidez que pode existir dentro de um ser humano, mais precisamente, de uma criança.

Taxidermia de Guilherme Trindade - Adorei cada pequeno momento deste conto. O facto de o autor pegar numa profissão como empalhador e elevá-la a um outro nível, dando-lhe um significado e uma utilidade num mundo onde determinadas profissões estão destinadas ao fracasso, fez-me apreciar a inteligência do autor. Gostei também das descrições dos autómatos, apesar de não serem muito elaboradas conseguem que apreendemos o funcionamento geral dos mecanismos. Mas mais que tudo isto, o que mais me cativou foi o final. Inesperado, original e cheio de significado. Nunca o adivinharia. Um dos melhores contos que li até agora ao longo da antologia.

Quem Semeia no Tejo de Pedro G. P. Martins - Um conto que está mais virado para as ciências e para a sua guerra com a religião. Apanhei um ou outro "brasileirismo" que me aborreceu um pouco. Gostei principalmente da parte em que está a ser descrito o tipo de microscópio existente e o seu mecanismo. O final é algo sombrio e demonstra que não tem que ser religião ou ciência. Ambos podem coexistir no mesmo plano.

Coincidências de Pedro Afonso - Um conto que tem um início promissor, mas que no fim não encanta. Achei que o autor enveredou por um caminho que acabou por não o levar a lado nenhum em especial. O mistério que nos é apresentado ao início deixa-nos em expectativa para o que irá acontecer. No entanto o autor não pega nesta expectativa, preferindo relegá-la para segundo plano e enveredar por uma história em que tudo e nada acontece.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Opinião - O Verão dos Brinquedos Mortos

Ficha Técnica:
Autor: Antonio Hill
Título Original: El verano de los Juguetes Muertos
Páginas: 344
Editor: Porto Editora
ISBN: 9789720045881
Tradutor: Helena Pitta

Sinopse:
O inspetor Héctor Salgado está afastado do serviço há semanas quando lhe atribuem, extra-oficialmente, um caso delicado - o aparente suicídio de um jovem de boas famílias. À medida que Salgado penetra num mundo de privilégios e de abusos de poder, o caso, aparentemente simples, complica-se de forma inesperada, e o inspetor terá de enfrentar não só esse mundo mas também o seu passado mais obscuro, que, no pior momento, volta para ajustar contas. Os sonhos, o trabalho, a família, a justiça e os ideais têm um preço muito alto, mas há sempre quem esteja disposto a pagá-lo.

Opinião:
O Verão do Brinquedos Mortos começa com o inspector Salgado a voltar de umas férias forçadas. Isto porque há bem pouco tempo se meteu em sarilhos durante a investigação de um caso. É a partir desta situação que se nos apresenta o principal fio condutor da narrativa, a morte de Mark. Ambas as histórias se desenvolvem em paralelo principalmente porque têm no seu centro a mesma pessoa o inspector. Se por um lado há toda a investigação ligada à morte de Mark e que é dirigida por Salgado, por outro lado temos a trapalhada em que este se colocou e em que o próprio acaba a ser investigado.

No geral a história agradou-me. A linguagem do autor é simples de se seguir e a maneira como este estrutura a narrativa torna-a mais interessante. É um daqueles autores que opta pelo ponto de vista das diversas personagens que estão ligadas aos casos. Nesta história não temos o ponto de vista do vilão, o que é uma mais valia, pois assim a autora consegue manter o mistério até ao fim. Se vem que pequenos parágrafos a mostrar um lado mais psicótico do vilão, sem dar a entender quem seria, poderia ter criado mais impacto e apreensão no leitor. Tal como já referia o autor consegue manter-nos no escuro durante quase toda a obra, sendo que as descrições que vai efectuando nos vão afectando cada vez mais, são sempre descrições muito visuais. Sendo que não nos leva a desconfiar de nada nem ninguém. A trama começa a tornar-se cada vez mais complexa com o desenrolar dos acontecimentos, e cada informação obtida parece criar mais dúvidas do que propriamente esclarecê-las. No entanto achei o final um pouco apressado e penso que poderia ter sido desenvolvido um pouco mais relativamente a determinados aspectos.

Relativamente ás personagens, havia alturas em que me sentia ligada a elas e as compreendia, havia outras em que elas não me diziam nada. Esta situação torna difícil perceber o que realmente sentimos pelos personagens dificultando assim a fluidez da história. No geral gostei de ambas as personagens principais, mas fiquei a sentir que faltava ali qualquer coisa. Havia alturas em que não conseguia compreender as suas motivações e a sua maneira de agir. Bem como às vezes ficavs a perguntar-me o que terá acontecido a determinado personagem para que tenha aquela maneira de agir e no fim sentimos que o fez e que o é porque é assim e não porque possa ter existido algo que o magoou. Sendo que a dita acção seria melhor compreendida e enquadrada em determinado tipo de situações.

Não podia deixar de referir que em algum momento do livro me apercebi que estava em Espanha. Para mim bem que tudo se poderia ter passado na América, que basicamente seria só trocar os nomes dos locais e personagens. Achei também que não havia necessidade dos dois plots abordados no livro, até porque não consigo ver a ligação entre os dois casos. Pode ser que o autor esteja a usar a situação que nos é apresentada inicialmente para fazer a ponte ente os seguintes livros.

No geral é uma leitura simples e agradável. Uma leitura que nos deixa curiosos acerca da necessidade do ser humano de descobrir tudo e do que somos capazes para conseguirmos aquilo que queremos.

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Opinião - Números, O Caos

Ficha Técnica:
Autor: Rachel Ward
Título Original: Numbers: The Chaos
Páginas: 296
Editor: Topseller
ISBN: 9789898626141
Tradutor: João José Leiria

Sinopse:
Junho de 2026. Adam consegue ver números nos olhos das pessoas, que correspondem à data da sua morte. Mas não pode revelar a ninguém este segredo. Como se não bastasse viver com aquele terrível dom, as coisas estão prestes a tornar-se ainda mais difíceis. Adam apercebe-se de que, subitamente, a data da morte de todos aqueles com quem se cruza é a mesma: 1 de janeiro de 2027.

Sarah, uma rapariga reservada mas cheia de personalidade, tem uma complicada história pessoal que a leva a fugir de casa dos pais. Além disso, tem um pesadelo recorrente e assustador com Adam, mesmo sem nunca o ter visto. Depois de o conhecer, porém, desenvolve por ele uma forte atração, que não sabe como gerir. Ambos partilham de premonições semelhantes: fogo, água, morte, destruição, caos.

Opinião:
No segundo livro da série Números, O Caos, ficamos a conhecer o filho de Jem e Spider, Adam. Este tem o mesmo dom da mãe, e portanto consegue ver a data da morte das pessoas olhando apenas para os seus olhos. E se como se já não bastasse ter este dom, tudo parece piorar quando conhece Sarah, pois o impulso de a proteger e salvar é quase enlouquecedor.

A premissa desta história é praticamente a mesma que a do livro anterior. Uma catástrofe que está prestes a acontecer e os únicos que conseguem vê-la chegar são dois jovens que ninguém leva a sério, pois só dão problemas. A história é suficiente para manter o leitor interessado, se bem que achei que a autora poderia ter imprimindo um maior sentido de urgência aos acontecimentos que vamos testemunhando.

Assim sendo o que de mais marcante o livro tem é mesmo a maneira de estar das personagens ao longo de todos os acontecimentos. É palpável a todo o momento o desespero que Adam sente, o caos que se instalou na sua mente e que não o lhe permite lidar com as pessoas e com as situações. Adam não é uma pessoa tão forte e estável como a sua mãe. E o facto de ver as datas das mortes das pessoas, bem como a maneira como estas vão morrer começa aos poucos a roubar-lhe a sanidade. Já Sarah é mais estável, apesar de todos os pesadelos e do mundo infundido por eles todas as noites. Vive cada momento saboreando-o, aproveitando o facto de estar em liberdade e poder estar com Mia. No fim, acaba por ser Sarah que traz paz à mente confusa de Adam e percebe-se que no futuro será ela que o irá manter agarrado à realidade e o vai ajudar a superar tudo aquilo que aconteceu ao longo do livro.

Infelizmente houve pequenas situações que não me deixaram apreciar melhor o livro. Há pelo menos duas questões que Adam e Sarah se colocam a si mesmos ao longo do livro, e mais para o final, que está a resposta escarrapachada no texto, são eles próprios que nos transmitem essa informação, e mesmo assim em vez de pensarem na resposta que já têm passam o tempo a martirizar-se com a pergunta.

Em contra partida o final é algo surpreendente, na medida em que algo inesperado acontece e ficamos a perguntar-nos: O que aconteceu? O que ainda poderá aí vir? Espero sinceramente que o próximo livro não tenha o mesmo tipo de enredo. Até porque se tal acontecer esta série de livros poderia ler-se individualmente, e aquilo que pretendemos é continuidade, é o facto de que os livros um sem o outro não farão sentido. Fico então a aguardar o último livro desta série, Infinity.

(Livro lido em parceria com o Segredo dos Livros)