quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Opinião - Lisboa no Ano 2000 (Parte 3)

Ficha Técnica:
Organizador: João Barreiros
Páginas: 448
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374778

Sinopse:
Bem-vindos à maior cidade da Europa livre, bem longe do opressivo império germânico. Deslumbrem-se com a mais famosa das jóias do Ocidente! A cidade estende-se a perder de vista. O ar vibra com a melodia incansável da electricidade.

Deixem-se fascinar por este lugar único, onde as luzes nunca se apagam, seja de noite, seja de dia. aqui a energia eléctrica chega a todos os lares providenciada pelas fabulosas Torres Tesla.

Nuvens de zepelins sobem e descem com as carapaças a brilhar ao sol. Monocarris zumbem por todo o lado a incríveis velocidades de mais de cem quilómetros à hora. O ar freme com o estímulo revigorante da electricidade residual. Bem-vindos ao século XX!

Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos.

Opinião:
Aqui fica a terceira parte relativa a mais quatro contos apresentados nesta antologia. Este vai ser o penúltimo poste relacionado com o livro, sendo que o último irá constar dos três contos, que formam um só, do João Barreiros.

A Rainha de Pedro Vicente Pedroso - Ao início do conto a escrita do autor fez-me alguma confusão devido à contrução frásica. Principalmente no que toca à pontuação. No entanto pouco depois a escrita deixa de ser confusa e a história começa a envolver o leitor. Uma história que nos mostra o lado obsessivo, compulsivo e vingativo do ser humano. Uma história que em determinado momento começa a alterar a sua forma e o seu foco e se torna mais sombria, mostrando-nos toda a loucura e morbidez que pode existir dentro de um ser humano, mais precisamente, de uma criança.

Taxidermia de Guilherme Trindade - Adorei cada pequeno momento deste conto. O facto de o autor pegar numa profissão como empalhador e elevá-la a um outro nível, dando-lhe um significado e uma utilidade num mundo onde determinadas profissões estão destinadas ao fracasso, fez-me apreciar a inteligência do autor. Gostei também das descrições dos autómatos, apesar de não serem muito elaboradas conseguem que apreendemos o funcionamento geral dos mecanismos. Mas mais que tudo isto, o que mais me cativou foi o final. Inesperado, original e cheio de significado. Nunca o adivinharia. Um dos melhores contos que li até agora ao longo da antologia.

Quem Semeia no Tejo de Pedro G. P. Martins - Um conto que está mais virado para as ciências e para a sua guerra com a religião. Apanhei um ou outro "brasileirismo" que me aborreceu um pouco. Gostei principalmente da parte em que está a ser descrito o tipo de microscópio existente e o seu mecanismo. O final é algo sombrio e demonstra que não tem que ser religião ou ciência. Ambos podem coexistir no mesmo plano.

Coincidências de Pedro Afonso - Um conto que tem um início promissor, mas que no fim não encanta. Achei que o autor enveredou por um caminho que acabou por não o levar a lado nenhum em especial. O mistério que nos é apresentado ao início deixa-nos em expectativa para o que irá acontecer. No entanto o autor não pega nesta expectativa, preferindo relegá-la para segundo plano e enveredar por uma história em que tudo e nada acontece.

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