Organizador: João Barreiros
Páginas: 448
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374778
Sinopse:
Bem-vindos à maior cidade da Europa livre, bem longe do opressivo império germânico. Deslumbrem-se com a mais famosa das jóias do Ocidente! A cidade estende-se a perder de vista. O ar vibra com a melodia incansável da electricidade.
Deixem-se fascinar por este lugar único, onde as luzes nunca se apagam, seja de noite, seja de dia. aqui a energia eléctrica chega a todos os lares providenciada pelas fabulosas Torres Tesla.
Nuvens de zepelins sobem e descem com as carapaças a brilhar ao sol. Monocarris zumbem por todo o lado a incríveis velocidades de mais de cem quilómetros à hora. O ar freme com o estímulo revigorante da electricidade residual. Bem-vindos ao século XX!
Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos.
Opinião:
Sendo que esta é a Parte 1, irão sem dúvida surgir as restantes com opinião acerca dos contos que vou lendo. Neste momento já li 5 dos 16 contos presentes na antologia. Aqui ficam as minhas modestas observações acerca dos mesmos.
Venha a Mim o Nosso Reino de Ricardo Correia - Um conto interessante que reflecte acerca do que poderia ser a religião neste suposto ano de 2000 em que a electricidade seria rainha. A ideia é interessante, no entanto o conto não me convenceu plenamente. Achei que poderia ter havido uma melhor ambientação do leitor àquela realidade imaginada pelo autor. Além disso, o final extremamente apressado, e ainda por cima um dos mistérios que é colocado acaba por não ser muito bem explicado e portanto dúvidas que eu gostava de ver esclarecidas permanecem.
Os Filhos do Fogo de Jorge Palinhos - Gostei bastante deste conto. Gostei das teorias apresentadas pelo autor, que vão de encontro a esta Lisboa do Ano 2000. Algumas teorias que são apresentadas poderão efectivamente fazer sentido para quem percebe um pouco da criação de um corpo. A única coisa que me desagradou um pouco foi o facto de que o final era algo previsível. E se não o final, pelo menos o que levava aos acontecimentos que nos foram apresentados.
Dedos de AMP Rodriguez - Se do anterior conto gostei bastante, posso dizer que adorei este. Esta extremamente bem escrito, com uma linguagem e um encadear de acontecimentos que nos deixa presos do início ao fim do mesmo. Além disso nota-se que a autora teve cuidado a criar todos os detalhes e explicar muito bem todos os processos que nos são apresentados, de forma a que pareçam plausíveis. Além de que o final deixa-nos com uma sensação estranha na barriga
As Duas Cara de António de Carlos Eduardo Silva - O que mais me agradou neste conto foi sem dúvida a imaginação do autor para criar uma engenhoca que reflecte um dos desejos que o ser humano sempre teve e que hoje em dia já é possível. Gostei também porque até agora é o único conto que nos é contado do ponto de vista do vilão e não do "bom" da história.
Electrodedendência de Ana C. Nunes - E o que seria um povo sem os seus vícios e as suas dependências? E se neste nosso Ano 2000 a energia é rainha, nada mais natural que a droga de eleição seja a própria electricidade. E não só nos é dada a conhecer a droga e como ela funciona, é-nos ainda mostrado como ela afecta uma sociedade e como esta se pode tornar decadente relativamente à mesma. Gostei bastante do personagem que no início mostra ser um ser amedrontado, mas que no final quando tudo lhe é retirado, principalmente o orgulho, toma uma atitude e trata da situação de uma forma eficaz.
No geral está a ser uma leitura agradável e fácil. Gosto do facto de encontrar paralelismos entre as histórias. Provavelmente a guerra com a Germânia seria uma das características acordadas pelos autores. Contudo tenho também curiosidade em saber se o ambiente soturno que se transmite nos contos até agora é também geral ou se haverá outros que mostrem um lado diferente desta Lisboa no Ano 2000.
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